Infelizmente, o mundo está assistindo a uma guerra que vem sendo travada há mais de 70 anos entre Israel e inimigos árabes que recusam a existência de um lar judaico na região, que entendem ser só deles, levando os inimigos de Israel a apoiar grupos terroristas como o bestial HAMAS. Deve-se inferir que nesses conflitos todos, desde o dia 1º da independência de Israel em 1948 até os dias de hoje, não morreram mais de 60 mil pessoas entre soldados e civis. (Entre israelenses e palestinos, nisso civis e militares inclusos). Agora nosso presidente Lula, elevado à presidência do Conselho de Segurança da ONU, está envolvidíssimo por fazer a paz, viajando e fazendo declarações absurdas ao não condenar o HAMAS como organização terrorista e se empenhando com todas as forças nacionais para resolução de tão vetusto conflito. Ocorre que aqui, em solo bem nacional, morrem de homicídios dolosos sistematicamente mais de 50 mil brasileiros POR ANO. Isto é, temos mais de 50 mil mortes violentas sistematicamente há anos, maior do que qualquer conflito de guerra na atualidade. Ou seja: mais que um dos maiores conflitos noticiados do mundo ou mesmo uma guerra do Vietnam por ano, como se nós brasileiros fôssemos nada, moscas mortas. Em outras palavras, nosso presidente acha bom resolver e dedicar-se a problemas alhures, ficando bem na foto, e que morram os nacionais por aqui, afinal não são importantes.
O governo federal pratica normalmente a cegueira no assunto, exceto quando as facções do crime tomam as cidades mais relevantes do país, como na recente queima de mais de 20 ônibus no Rio de Janeiro. Aí, entre discursos e propostas que nada resolvem, mandam a força nacional para apaziguar as coisas. Os governos estaduais forçam a produtividade das suas polícias militares, que constitucionalmente não podem ter papel investigativo, mas enviam suas viaturas às entradas dos lugares mais vulneráveis da sociedade, nas franjas da periferia, para prender jovens pobres, negros e menos favorecidos da sociedade e lavá-los aos montes para a penitenciária. Aliás, 40 % dos presos estão encarcerados por questões ligadas a drogas (e a essas batidas policiais), e do universo prisional, 70% são os tais pretos pobres desguarnecidos retro falados. Pessoas que, para sobreviver, acabam se filiando a uma das facções do crime, que lhes protege minimamente na reclusão e que, obviamente, cobrarão por estes serviços “dados” ao preso quando ele sair. Ou seja, a sociedade está investindo no mercado futuro de bandidos com o total apoio e mesmo beneplácito da sociedade organizada. E os criminosos que saem, quitando sua obrigação com o Estado, são inadimplentes com as organizações criminosas e sabem que têm que pagá-las sob pena da própria vida. Diga-se, ainda de passagem, que o crime organizado está à vontade partilhando a “ordem&progresso” com o Estado – tem até o “Tribunal do Crime” paralelo, ou seja, eles são criminosos, protetores, milicianos e julgadores.
A realidade é que a criminalidade tudo corrói, destrói e estraga na sociedade, desde o desenvolvimento da criança à possibilidade do exercício da cidadania pelo uso de espaços públicos, de moradia, de deslocamento econômico, nos milhares que vão para as proteções e seguranças particulares, seguros, lazer, turismo, e assim vai. Muitos simplistas dizem que isto tem competência dos estados membros. Verdade, mas muito pode ser feito pela União, que se omite solenemente ao não propor mudanças legislativas, como para estancar o mercado futuro de criminosos, a aproximação das polícias com as academias e universidades, o controle mais amiúde econômico da atividade criminosa, a disponibilização de inteligência no combate ao crime organizado. E a política científica no tratamento da questão ajuda na uniformidade das polícias e suas uniões, nas mudanças da Lei de Drogas para algo mais razoável no mundo atual e não como manter tudo do que foi feito desde a Ditadura Militar sem qualquer real mudança e tratarmos a coisa como velhos senis moucos.
A verdade é que estamos doentes todos com essa criminalidade, que ninguém mais aguenta. Que nossas lideranças preferem colocar esse assunto por baixo do tapete das questões internacionais como se as nacionais não tivessem importância. As mais de 50 mil mortes violentas por ano pedem um basta, e urge tratar a horda de bandidos futuros que nos atacarão e que precisamos estancar com a maior brevidade possível. Mas isto talvez seja demais: querer imaginar que um político vai pensar no que aflige sua população e não como ele quer sair bonito na foto.